Pragas

Broca, broca-da-raiz, besouro, capitão, lagarta-rosca, Coleoptera, Lepidoptera
  • Nome Popular Broca, broca-da-raiz, besouro, capitão, lagarta-rosca
  • Ordem: Coleoptera e Lepidoptera
  • Filo: Arthropoda
  • Partes Afetadas: Raízes, colo, caule, pseudobulbos, ramos, tubérculos, rizomas e bulbos
  • Sintomas: Enfraquecimento, tombamento, subdesenvolvimento, morte repentina, apodrecimento de ramos.
Recebem a denominação popular de brocas, os estágios larvais de besouros, mariposas e borboletas que não ficam expostos na parte aérea das plantas. Desta maneira, as brocas são geralmente de cores claras, como o branco, o amarelo, o creme e o verde, pois como ficam escondidas, não precisam de proteção contra a luz do sol. Também na maioria das vezes elas não possuem pelos urticantes como algumas lagartas. Quando às encontramos, elas se enrolam rapidamente, como na foto acima.
Estas larvas são muito vorazes e seu efeito expoliativo nas plantas são sentidos rapidamente, principalmente em plantas de pequeno porte, como em hortas. Elas escavam galeiras nos órgãos de reserva da planta, deixando galerias com excrementos. Quando estão bem alimentadas e crescidas entram no estágio de pupa, para então realizarem a metamorfose que em pouco tempo às transformará em insetos adultos, aptos a reprodução.
Os adultos de besouros também danificam as plantas, devorando folhas e brotos; já as mariposas e borboletas normalmente têm uma vida curta. Após o acasalamento, as fêmeas adultas procuram novas plantas para a postura dos ovos e o reinício do ciclo.
Além do prejuízo direto à diversas culturas, as brocas propiciam a entrada de microrganismos como fungos, bactérias e vírus, e insetos secundários capazes de provocar novos danos. Além disso, muitas são vetores de nematóides, outra importante praga.
O controle desta praga não é nada fácil, pois as brocas estão sempre bem protegidas, dificilmente predadores e inseticidas conseguem chegar até elas. Em pequenos jardins, a catação é ainda o melhor método para plantas pequenas. Em árvores, aplique calda de fumo nos orifícios abertos pela brocas e tape-os com cera derretida.
Em hortas, lavouras e pomares, a combinação de métodos é mais eficiente. O diagnóstico da praga é importante para que se possa destruir os ramos, raízes ou plantas afetadas. Restos culturais também devem ser destruídos pois atraem os adultos. Estuda-se a utilização de controle biológico com nematóides (Steinernema sp e Heterihabtidis sp) e microorganismos (Bacillus thuringiensis e Beauveria bassiana). A rotação de culturas acaba muitas vezes com este problema, principalmente quando às espécies de plantas escolhidas são bem diferentes.
Jatos com soluções inseticidas, dirigidos às partes afetadas, são eficientes no controle da broca, mas só devem ser utilizadas em último caso, pois também prejudicam insetos benéficos às plantas. Em pomares, podas de limpeza são úteis e pode-se aproveitar a oportunidade para examinar as plantas e diagnosticar outros problemas. Atualmente, iscas impregnadas com feromônios atrativos e alimentos servem para aprisionar os adultos e monitorar a presença da broca em diversos cultivos.
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    • Nome Popular Caramujo-africano, acatina, caracol-africano, caracol-gigante, caracol-gigante-africano, caramujo-gigante, caramujo-gigante-africano, rainha-da-áfrica, falso-escargot
    • Nome Científico: Achatina fulica
    • Família: Helicidae
    • Filo: Mollusca
    • Partes Afetadas: Folhas, flores, frutos, caule
    • Sintomas: Partes das plantas roídas, rastros de secreção sobre as plantas e vasos
    O caramujo-africano é uma espécie considerada praga em diversos países no mundo todo. Foi introduzido ilegalmente no Brasil na década de 80, com o intuito de oferecer um susbtituto mais interessante economicamente e de maior peso que o escargot verdadeiro (Helix aspersa). Em pouco tempo de criação se verificou que o animal não tinha boa aceitação pelo mercado consumidor brasileiro, o que provocou a desistência da maioria dos criadores, que se desfizeram dos animais de forma errônea: liberando os caramujos em jardins, matas ou simplesmente colocando-os no lixo.
    Estes caramujos não encontraram predadores naturais à sua altura e se multiplicaram rapidamente, invadindo diversos tipos de ecossistemas brasileiros. Como são hermafroditas (possuem os dois sexos em um mesmo animal) e realizam a autofecundação, basta apenas um indivíduo para que a praga se alastre, afinal são cerca de 400 ovos ano ao por caramujo.
    O caramujo-africano é um molusco grande e escuro, com até 15 cm de comprimento e 200 gramas de peso. Sua concha é alongada e cônica, com manchas claras. Ele não deve ser confundido com os moluscos brasileiros. Os nativos aruás-do-mato (Megalobulimus sp) têm importante papel ecológico, além de servirem de alimento e como matéria prima no artesanato dos índios. Eles têm a borda da abertura da concha espessa, enquanto que o caramujo-africano tem esta borda cortante.
    Os caramujos-africanos são conhecidos por serem hospedeiros de duas espécies de verminoses que acometem os seres humanos. A angiostrongilíase meningoencefálica, causada pelo Angiostrongylus cantonensis e angiostrongilíase abdominal, cujo agente é o Angiostrongylus costaricensis. Apesar da angiostrongilíase abdominal ser ocasionalmente diagnosticada no Brasil, geralmente ela está relacionada com outros hospedeiros, entre caracóis e lesmas, que não incluem o caramujo-africano. No entanto, estas doenças são bons argumentos para que o controle do caramujo-africano seja mais efetivo.
    A invasão do caramujo-africano é atualmente muito mais relevante no aspecto ecológico do que no agrícola ou sanitário. Este caramujo está invadindo ecossistemas e ocupando um lugar que não é seu. Reduzindo assim a diversidade de espécies. Além de devorar folhas, flores e frutos, causando um enorme estrago em plantas de importância agrícola, ornamental e ecológica ele também é canibal, alimentando-se de ovos e jovens caracóis de sua mesma espécie, como forma de obter cálcio para sua concha em ambientescom escassez deste elemento.
    Este caramujo é resistente a períodos de seca, além de ser bastante ativo no inverno. Como outros caracóis, ele aprecia a umidade e a sombra, se locomovendo e se alimentando mais à noite e em dias nublados e chuvosos. É capaz de escalar muros e árvores e desta forma transpor de um terreno a outro.
    Ao se depararem com infestações de caramujo-africano, as pessoas logo pensam em venenos para controlá-los. Infelizmente os caracóis e lesmas em geral são muito resistentes a venenos e os únicos produtos comerciais disponíveis que se mostram um pouco eficientes (metaldeídos), demonstram elevada toxicidade para os seres humanos e outros animais, de forma que a utilização de pesticidas não é o método de controle atual mais indicado para estes moluscos.
    A pesquisas de substâncias eficientes têm se revelado muito importantes neste sentido. A cafeína por exemplo, estudada pelos americanos Robert Hollingsworth, Jonhn Armstrong e Earl Campbel apresenta resultados interessantes. Assim como o látex da coroa-de-cristo (Euphorbia splendens hislopii), que está sendo testado no combate ao caramujo-gigante-africano pela equipe coordenada pelo pesquisador Maurício Vasconcellos.
    O controle do caramujo-africano consiste na catação e destruição dos caramujos. Jamais coloque-os no lixo, pois estará disseminando o problema. Também não coloque sal nos animais pois assim contaminará o solo. O preconizado é o seguinte:
    • Utilize luvas descartáveis para pegar e manusear os animais
    • Proteja a pele e as mucosas: não coma, fume ou beba durante o manuseio do caramujo
    • Coloque os caramujos em dois sacos plásticos e quebre suas conchas, pisando em cima
    • Enterre-os em valas com pelo menos 80 cm de profundidade, longe de cisternas, poços artesianos ou do lençol freático
    • Aplique cal virgem sobre os caramujos quebrados (cuidado, a cal queima a pele)
    • Feche a vala com terra
    • Retire as luvas e lave muito bem as mãos após isso
    É possível também utilizar iscas atrativas, que facilitam a catação. Papas de farelo de trigo com cerveja atraem caramujos a metros de distânica. Cascas de frutas e legumes, estopas embebidas em cerveja ou leite, assim como simples pedaços podres de madeira que lhes servem de abrigo. Verifique as iscas diariamente e não esqueça de protegê-las da chuva e do sol. Coloque-as em locais úmidos e frescos. Preferencialmente sobre a terra. Manter o jardim limpo de folhas mortas e frutos caídos também irá afastar os bichos, e desta forma ainda estará prevenindo outras doenças e pragas, como podridões de origem fúngica e bacteriana, moscas-das-frutas, etc. Não esqueça: as pragas só vivem e se multiplicam onde lhes é oferecido abrigo, comida e água.
    Cochonilha, hemiptera, coccídeos, coccídio, coccídeoNome Popular Cochonilha
    • Ordem: Hemiptera
    • Filo: Arthropoda
    • Partes Afetadas: Toda a planta, principalmente folhas, ramos e raízes
    • Sintomas: Enrolamento e enrugamento das folhas, subdesenvolvimento da planta, casquinhas sobre as folhas, caule, brotações, frutos e raízes.
    São denominadas cochonilhas, os pequenos insetos pertencentes à superfamília Coccoidea. Eles têm aspecto bastante diferente de outros insetos e são muito importantes, devido às grandes perdas agrícolas que porporcionam. No entanto, apesar de muitas cochonilhas serem consideradas pragas, algumas espécies se destacam na produção de verniz (Llaveia axin), laca (Laccifer lacca), cêra (Ceroplastes ceriferus), medicamentos (Ceroplastes ceriferus) e corante carmim (Dactylopius coccus). Muitas também produzem uma secreção adocicada que, quando coletada e processada pelas abelhas (Apis mellifera) compõe o honeydew, um mel muito valioso e especial.
    As espécies de cochonilhas podem ter aparência muito distinta umas das outras. Elas podem ser algodonosas, de cor branca e aspecto farinhento, ou cerosas, de colorações variadas, como laranja, vermelho, verde, marrom, perolado, cinza, etc. As formas também são variadas, como cabeças de prego, conchas de ostras, bolinhas, escamas, etc.
    As fêmeas adultas são as pragas propriamente ditas. Elas são imóveis e com aparelho bucal sugador muito desenvolvido, capaz de sugar a seiva diretamente dos sistema vascular das plantas. Após a fixação, elas produzem cera, que forma a carapaça, recobrindo seu corpo como um escudo e que serve de proteção contra os inimigos naturais e os inseticidas.
    Os machos adultos são muito diferentes das fêmeas e têm vida efêmera, durando cerca de 2 dias. Eles nuncas se alimentam, possuem asas, filamentos de cauda e se assemelham a pequenos mosquitos ou moscas. As cochonilhas podem se reproduzir sexualmente e por sete tipos diferentes de partenogênese, de acordo com a espécie.
    As fêmeas adultas põem ovos que eclodem dando origem a ninfas, que são móveis, possuem patas e antenas. Desta forma as fêmeas jovens podem se locomover, buscando encontrar um bom lugar para se fixarem. Após a primeira muda, suas patas se atrofiam e elas se tornam imóveis, passando a sugar ininterruptamente a seiva da planta. Os machos jovens são como as fêmeas jovens, mas no estágio final, produzem asas.
    As cochonilhas podem ser encontrados em ramos, folhas, frutos e raízes das mais diversas plantas. Muitas apresentam associação com formigas, que as protegem em troca da secreção adocicada que produzem. Esta secreção também propicia o surgimento da fumagina (Meliola sp e Capnodium sp), fungos de micélio escuro, que recobre as partes da planta, impedindo a fotossíntese.
    As cochonilhas apresentam difícil controle através de inseticidas, principalmente as que têm espessa carapaça. A carapaça impede o contato dos produtos com o corpo do inseto e, desta forma o inseticida acaba afetando apenas os estágios de ninfas e os machos. No entanto o controle com pulverizações de emulsões de sabão e óleo mineral é efetivo, pois resulta em uma camada impermeável sobre o inseto, impedindo-o de respirar, matando assim por sufocamento. Combinações com calda de fumo também podem auxiliar na eliminação da praga.
    O controle biológico é muito importante no controle e é realizado por joaninhas e algumas espécies de vespas. Estes insetos agem predando as cochonilhas e outras pragas como pulgões. Portanto deve-se evitar ao máximo o uso de inseticidas sobre plantas afetadas, pois podemos estar matando os importantes predadores e outros insetos benéficos, como abelhas polinizadoras, sem no entanto afetar cochonilhas mais resistentes.
    Formiga, formiga-cortadeira
    • Nome Popular Formiga, formiga-cortadeira
    • Ordem: Formicidae
    • Filo: Arthropoda
    • Partes Afetadas: Folhas verdes ou secas, casca de caules, caules verdes, frutos e flores
    • Sintomas: Enfraquecimento, tombamento, morte repentina, apodrecimento de ramos, queda de flores e frutos
    As formigas são insetos conhecidos por todos. Vivem nos mais diversos ambientes  e estão sempre atentas a qualquer pedaço de alimento que esqueçamos em algum lugar. O estudo das formigas denomina-se mirmecologia. Nem todas as espécies de formigas utilizam partes vegetais; as que atacam plantas são, principalmente, as Saúvas (Atta spp.) e as Quenquéns (Acromyrmex spp.).
    Essas espécies de formigas são conhecidas como cortadeiras, pois cortam as plantas e carregam os pedaços para dentro dos ninhos. Ao contrário do que muitos pensam, os pedaços vegetais carregados não servem para alimentação da colônia, mas sim, para alimentar uma espécie de fungo que, por sua vez, será o alimento das formigas.
    Outra forma de as formigas prejudicarem as plantas é protegendo outras espécies de pragas, como pulgões e cochonilhas. As formigas protegem esses animais da ação de predadores para obter alguma substância nutritiva em “troca”. De forma geral, as formigas consideradas pragas que não são cortadeiras são chamadas de domésticas (Camponotus spp., Crematogaster spp., Wasmannia spp., etc).
    Manter os ambientes limpos é a principal forma de evitar o “ataque” de formigas domésticas, uma vez que seu controle é extremamente difícil. Elas instalam-se em frestas e rachaduras das construções e podem facilmente dividir a colônia em colônias menores. Dica: o cravo-da-índia é repelente desse tipo de formiga.
    As cortadeiras saúvas têm o hábito de deixar trilhas nos locais onde coletam os vegetais, de forma que é simples seguir e descobrir onde está a colônia. No entanto, as quenquéns além de buscar “suprimentos” durante a noite, não deixam trilhas e por isso a sua localização e controle é mais difícil.
    Dentre os principais métodos de controle, o uso de iscas formicidas e inseticidas em pó são os que mais se destacam. Dica: o gergelim e o agave são tóxicos para o fungo que serve de alimento às formigas. Colocar gergelim próximo aos ninhos pode ajudar no combate a essas pragas.
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